terça-feira, 12 de julho de 2011

O que fará o PT?

limar Franco, O Globo
Uma pergunta não quer calar no Senado. Qual a posição que o PT assumirá na votação da recondução do procurador-geral da República, Roberto Gurgel? O PT está com ele atravessado na garganta por causa de suas alegações finais no processo do mensalão. Ontem, nenhum dos senadores titulares petistas apareceu para votar na Comissão de Constituição e Justiça. Os aliados estavam lá e temem que os petistas votem contra Gurgel na votação secreta na comissão e no plenário.

Dilma afirma que fica 'triste' com coisas que acontecem no governo

Marcus Vinicius Gomes, O Globo
A presidente Dilma Rousseff deu entrevista a três rádios do Paraná, em Francisco Beltrão, nesta terça-feira, e afirmou que "tem dias" que ela fica triste, principalmente "quando acontece alguma coisa errada no governo".
- Fico (triste). Todo mundo pode perceber que a gente, num governo, tem muitas dificuldades. Agora, eu acho que hoje o Brasil dá mais motivo de alegria do que de tristeza, quando a gente percebe que o Brasil é outro país - falou a presidente.
(Comentário meu: Não é só a senhora que fica triste, presidente. Também ficamos. Veja o caso do Mniistério dos Transportes. A senhora disse que o ministério estava precisando de "babás". E até se ofereceu para ser uma delas. O ministério precisava de uma faxina em regra. Mas não parece que haverá uma faxina, não é?)

Campeão de reembolso, deputado maranhense gasta 43 vezes mais que colega

Fábio Brandt e Maurício Savarese
Do UOL Notícias
Em Brasília
Em apenas cinco meses, os gastos do deputado Cléber Verde (PRB-MA) com sua cota parlamentar bastariam para comprar, com valor próximo do teto, uma moradia no programa "Minha Casa, Minha Vida", para habitações de até R$ 170 mil. Já o colega José Antônio Reguffe (PDT-DF) só conseguiria comprar um modelo do Nano, o carro mais barato do mundo, que custará R$ 4.000. A diferença entre os dois está em um levantamento do UOL Notícias.

A diferença pode mudar porque cada deputado tem até três meses para informar os gastos, embora a maioria prefira fazê-lo rapidamente. Os valores foram obtidos com dados disponíveis no site da Câmara até 1º de julho e indicam que os congressistas usaram em itens como cota postal, passagens aéreas, combustíveis e consultoria.
De fevereiro, quando começou a atual legislatura, a 1º de julho, Verde é o deputado que mais usou recursos da Câmara com atividades ligadas a seu mandato: R$ 166.781,22 em despesas como passagens aéreas, cota postal, combustíveis e divulgação do mandato. Reguffe parou nos R$ 4.200. Carlos Roberto (PSDB-SP) gastou ainda menos, mas assumiu o cargo apenas em 3 de maio, de acordo com o levantamento, que será publicado na íntegra na semana que vem.
A média de gastos é R$ 85,2 mil por deputado. Ou seja: enquanto Verde usou cerca de R$ 81 mil a mais que a média, Reguffe gastou R$ 81 mil a menos. O deputado do PRB também é o que mais utiliza a cota de divulgação do mandato. No período, aplicou R$ 114 mil em propaganda, autorizada pelas regras da Câmara.
O total gasto com a cota parlamentar pelos 567 políticos que já assumiram uma vaga de deputado em 2011 é de R$ 48,3 milhões, segundo dados disponíveis no site da Câmara até 1º de julho - o valor pode aumentar e outros deputados podem alcançar a marca de Verde, já que os parlamentares têm até três meses depois da data registrada na nota fiscal para relatar os gastos e, no caso da maioria deles, solicitar reembolso. As passagens aéreas, por exemplo, nem sempre indicam compra direta do deputado.
"Os elevados gastos com verbas indenizatórias não se justificam. Claro que os deputados precisam de alguma verba para o exercício do mandato, mas os montantes são exorbitantes. E são gastos com muita margem para a arbitrariedade, como 'consultorias' - ninguém sabe para quê servem essas consultorias", afirma Fabiano Angélico, especialista em transparência governamental e pesquisador da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
"Além disso, há gastos desnecessários e redundantes, como a 'divulgação do mandato'. O contribuinte não deveria financiar esse tipo de coisa, uma vez que a Câmara dos Deputados já tem uma enorme estrutura de comunicação institucional, que inclui TV Câmara, Rádio Câmara entre outros", disse.
"Legais e indispensáveis"
Verde (PRB-MA) afirmou que seus gastos são legais e indispensáveis para a "consolidação" do trabalho que realiza. Ele disse que a disparidade entre ele e o deputado mais econômico é resultado de uma concepção. Ele disse que cada um "tem uma forma" de trabalhar. O deputado campeão de gastos alegou ter usado a cota para custear atividades em seu Estado e ações em frentes parlamentares.
"Coordeno aqui três frentes importantes: a Frente Parlamentar dos Aposentados, a Frente Parlamentar em Defesa da Pesca e Aquicultura e a Frente Parlamentar em Defesa do Povo Garimpeiro", disse ele ao UOL Notícias. As despesas com divulgação, segundo o deputado, são prioritárias porque permitem mostrar ao eleitorado o que está fazendo. Para ele, "não adianta simplesmente fazer o trabalho e o cidadão não conhecer".
Sem divulgação, o deputado "passa por inoperante, por alguém que não faz o que se propôs a fazer", afirmou. O deputado exemplificou o uso da verba da Câmara com a divulgação que fez (com outdoors, por exemplo), na legislatura anterior, sobre a aprovação de uma lei de sua autoria, que estabeleceu 30 de novembro como o Dia do Evangélico. Outro uso da verba é a produção de jornal informativo trimestral. "É um material de qualidade que chega às mãos do cidadão do Estado", disse.
"A Câmara nos permite fazer isso [divulgação] e é bom, porque foi o que me projetou no meu Estado e me fez deixar de ser um dos deputados com menor número de votos para ser o terceiro mais votado no Estado. A população hoje conhece meu trabalho", afirmou. Para Verde, a disparidade de gastos entre os deputados não deve se manter ao longo do ano, já que alguns colegas ainda não pediram reembolso de todas as despesas feitas.
Mesmo assim, Verde considera Reguffe um caso a parte. "Ele acha que [poucos gastos] são suficientes para o trabalho dele. Ele está aqui em Brasília, então não tem gasto com passagem aérea. A Rádio Câmara e a TV são muito ouvidas pela população do DF. Qual publicidade maior esta Casa pode dar para ele? Então ele tem uma gama de vantagens por morar aqui que podem levar a isso", disse.
Reguffe evitou criticas ao colega, mas afirmou que a Câmara "custa muito mais do que deveria ao cidadão brasileiro e isso precisa mudar". "Eu não sou melhor do que ninguém. Só estou fazendo a minha parte e honrando o compromisso que fiz com os meus eleitores. O mandato pode ser de qualidade custando bem menos para o contribuinte. Não vou julgar os outros, mas acho que a população gostaria que esse dinheiro estivesse em outras áreas."
O que é a cota?
A cota para exercício da atividade parlamentar é uma verba destinada pela Câmara para reembolsar os deputados por gastos decorrentes de seu trabalho. Inclui 12 categorias de gastos, de telefonia e alimentação a aluguel de carros e divulgação.
O valor máximo mensal da cota varia para cada Unidade da Federação (UF), de R$ 23 mil (para deputados do Distrito Federal) a R$ 34 mil (para deputados de Roraima), devido à cota aérea estabelecida pelas distâncias.

Só 35 dos 513 deputados foram a todas as sessões no 1º semestre


Romário (PSB-RJ) e Tiririca (PR-SP) estiveram em 100% das sessões.
Levantamento considerou sessões que votam propostas, as deliberativas. 


Do G1, em Brasília
Dos 513 deputados federais que exercem atualmente o mandato na Câmara dos Deputados, apenas 35 compareceram a 100% das sessões deliberativas no primeiro semestre, de acordo com levantamento feito pelo G1 com base em dados de presença em plenário.
A reportagem considerou apenas as sessões deliberativas, ou seja, aquelas em que há propostas para serem votadas no plenário. Os dados, obtidos pelo site da Câmara, consideram as sessões de fevereiro, início da legislatura, até 7 de julho, sexta-feira da semana passada.
O percentual de 100% de presença vale para o total de sessões em que o deputado estava no exercício do mandato. No caso de suplência, por exemplo - quando um deputado se licencia para assumir um cargo no Executivo - o substituto pode ter contabilizado menos sessões deliberativas em seu mandato do que um deputado que está no cargo desde o começo da legislatura.
Entre os deputados com 100% de presença estão Tiririca (PR-SP) e Romário (PSB-RJ). Logo após assumir o mandato, o deputado e ex-jogador Romário foi flagrado jogando futevôlei em uma praia do Rio no mesmo horário de uma sessão na Câmara. No entanto, a sessão não era deliberativa e a presença não era obrigatória.
Veja abaixo a lista dos 35 deputados com 100% de presença das sessões deliberativas do primeiro semestre.
 
DEPUTADOS PRESENTES EM 100% DAS SESSÕES EM PLENÁRIO
 
Alexandre Leite   (DEM-SP)André Figueiredo (PDT-CE)
 
Joseli Ângelo Agnolin (PDT-TO)

 
Arnaldo Faria De Sá (PTB-SP)

 
Augusto Silveira De Carvalho (PPS-DF)
Carlos Jose De Almeida (PT-SP)Carmen Emília Bonfá Zanotto (PPS-SC)Costa Ferreira (PPS-MA)Edinho Araújo (PMDB-SP)Edinho Bez (PMDB-SC)
Edivaldo Holanda  Junior (PTC-MA)Fábio Trad (PMDB-MS)Fernando Francischini (PSDB-PR)Guilherme Campos (DEM-SP)Hermes Parcianello (PMDB-PR)
Jairo Ataíde (DEM-MG)Jesus Rodrigues (PT-PI)Jô Moraes (PCdoB-MG)Lincoln Portela (PR-MG)Lourival Mendes (PTdoB-MA)
Lúcio Vale (PR-PA)Luiz Fernando Machado (PSDB-SP)Luiz Nishimori (PSDB-PR)Luiza Erundina (PSB-SP)Manato (PDT-ES)
Mário De Oliveira (PSC-MG)Miro Teixeira (PDT-RJ)Pedro Chaves (PMDB-GO)Reguffe  (PDT-DF)Roberto de Lucena (PV-SP)
Romário (PSB-RJ)Salvador Zimbaldi (PST-SP)Tiririca (PR-SP)Valadares Filho (PSB-SE)Vitor Paulo (PRB-RJ)
Para o professor de ética e filosofia política Roberto Romano, o fato de somente 35 parlamentares terem registrado 100% de presença "indica bastante o interesse da Casa inteira pelos projetos a serem discutidos".
"Você tem parlamentos do mundo com presença maior, como Estados Unidos e Itália. Mas, para os padrões brasileiros até que não é um número tão baixo. A presença é sazonal e depende muito do que está sendo discutido, se é a favor ou contra o governo e se tem apoio da base de sustentação", destaca Romano.
O professor pondera, no entanto, que a presença física nem sempre representa que o trabalho do parlamentar é eficaz. "O parlamentar pode estar presente, mas você percebe grupinhos enquanto o orador se esgoela. Só o fato de se estar no plenário não significa quase nada. Às vezes não prestam atenção nem no que o presidente da Mesa está falando."
Faltas
Conforme os dados sobre presença no site da Câmara, quatro deputados foram a menos da metade das sessões deliberativas no primeiro semestre, ou seja, estiveram em menos de 50% das sessões. Todos justificaram a maioria das faltas.
OS QUATRO DEPUTADOS COM MENOR PERCENTUAL DE PRESENÇA
 
DEPUTADOTOTAL DE SESSÕESPRESENÇAS%FALTAS JUSTIFICADAS
Nice Lobão (DEM-MA)55142537
Eduardo Gomes (PSDB-TO)551934,534
Paulo Maluf (PP-SP)552545,527
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN)552749,126
A deputada Nice Lobão disse que se ausentou da Câmara porque foi operada da coluna e do joelho e no momento está internada no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Segundo ela, a maior parte das faltas foi justificada.
Segundo a assessoria de Eduardo Gomes, o deputado é primeiro-secretário da Casa e por isso tem várias atividades externas. Segundo a assessoria, Gomes tem a prerrogativa de não marcar presença em plenário quando exerce atividades representando a Câmara.
A assessoria do deputado Paulo Maluf afirmou que ele justificou as faltas e que os motivos poderiam ser esclarecidos nesta terça-feira (12).
A assessoria do deputado Henrique Eduardo Alves disse que, como líder do partido na Câmara, Alves tem diversas funções como participação em reuniões, comissões e audiências. A assessoria destacou, porém, que o deputado está sempre na Casa.